Demétrio Costa de Melo*
As voltas com a qualidade do ensino no Brasil, recentemente foi aprovado pela justiça federal a legalidade do Piso Nacional para o magistério. No entendimento geral o País passaria a ter um parâmetro mínimo para remunerar seus profissionais da educação básica, para com isso corrigir desequilíbrios entre os entes federativos.
A valorização do magistério nacional, não deveria ser somente promessa em períodos de eleição, mas uma meta para alçarmos posições significativas entre os países em desenvolvimento.
O Fundo Monetário Internacional já aponta como um dos principais entraves às próximas décadas de crescimento a escassez de profissionais qualificados nos setores de infraestrutura, metalomecânica, indústria náutica e aeronáutica, isso para citarmos alguns, mas o déficit de profissionais para a educação também não para de crescer.
Costumo ver muitos jovens egressos dos cursos de licenciatura, ou mesmo os que estão no estágio obrigatório afirmarem que querem “ser” professores, porém da Educação Superior Federal, pois há mais incentivos à qualificação, há melhores remunerações além da “estabilidade do emprego”, eu retruco para esses futuros profissionais: mas quem irá ensinar seus filhos?
Para Moacir Gaddotti, um dos grandes pesquisadores da Educação Brasileira, as mudanças são antes uma promessa de futuro melhor, são conjunturais, e não estruturais, para ele precisamos de uma política de Estado, e não promessas de governo.
Aqui e acolá ouvimos falar de uma escola que teve um ótimo desempenho, mas a questão macrossocial e macro-política nos impedem de utilizarmos os pequenos casos de sucesso como força política suficiente para gerarmos as mudanças necessárias.
Mas os sinais estão aparecendo, o Ministério da Educação tem estado atento aos avanços nos indicadores de melhoria na educação básica, principalmente no que tange ao IDEB (índice nacional) e ao PISA (índice dos países membros da OCDE), se continuarmos no ritmo que estamos daqui a mais duas décadas estaremos com parâmetro educacional da Bulgária, da Polônia ou do Chile.
Mas há países que estão ainda mais a nossa frente, emprego aqui economias em desenvolvimento como a nossa, a Coreia do Sul tem investido em média 5,5% do PIB com educação, sendo visto hoje como modelo de desenvolvimento educacional, é um país de território diminuto, mas que tem participação no mercado externo maior que o Brasil, pois é um dos maiores exportadores de bens de alto valor agregado.
Se não sairmos dessa espiral de deficiência na educação, enquanto a sociedade não trilhar um caminho que venha a por a educação como um dos pilares do desenvolvimento, essa confortável posição de país emergente rapidamente será perdida, pois Índia, Indonésia, Tailândia, e outros, estão criando enclaves econômicos mais dinâmicos que o Brasil.
Ou dito de outra forma a sociedade não se importará em entender questões que os afetam diretamente, tais como o tornar público o impacto que o Piso Nacional do Magistério trará aos estados diante da necessidade pagá-lo, cerca de R$ 1,9 bilhão, enquanto Congressistas, Ministros do Supremo, Presidente da República e seu Vice, recentemente tiveram seus vencimentos reajustados acarretando um impacto nas contas públicas foi de cerca de R$ 2 bilhões, mas que já caiu no esquecimento da população...
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*Bacharel e Licenciado em Geografia pela Universidade Federal da Paraíba. Professor de Geografia da rede oficial do município de João Pessoa e professor na rede particular. Colunista do Jornal A União