quarta-feira, 17 de abril de 2013

Maior idade penal brasileira


Há duas décadas o Brasil estava dando um acertado passo em proteger suas crianças e adolescentes da exploração econômica, no sentido de erradicar o trabalho infanto-juvenil, muito comum entre as populações mais carentes.
Muitas famílias são vistas como carentes pela desassistência do Estado Brasileiro, que durante séculos foi sendo apoderado das velhas oligarquias, que “modernizaram” o país, mas não mudaram as estruturas de poder.
O trabalho infantil ainda persiste, são milhões de crianças e adolescentes que se prostituem, queimam carvão em olarias clandestinas, vendem bugigangas em semáforos, tomam conta de carros, realizam trabalho doméstico, quebram pedras e cocos e se envolvem com o narcotráfico. E todos são frutos da carência (não diria material, mas espiritual) das elites brasileiras em não reconhecerem de fato o grande monstro que eles mesmo ciaram.
Nos noticiários estamos assistindo o esforço dos “tucanos”, comandados pelo atual governador do estado de São Paulo, o mais rico e industrializado, em reduzir a maior idade penal brasileira.
Não estou querendo negar que a violência está crescendo, mas admitir tal discurso elitista, que coloca o filho do pobre como problema principal, que agora está vitimando a classe média, a classe consumidora, que gera empregos, não deveras ser correto.
Pegam o exemplo de países como os Estados Unidos que trata crianças como adultos na hora do julgamento, mas a elite aqui parece esquecer que naquele país há um verdadeiro sistema correcional, não é um depósito de jovens como aqui no Brasil, que ao entrarem nas cadeias ou nas “casas de correção” são abandonadas, estão em áreas superlotadas, entregues a violência e ao consumo interno de drogas, que são aliciadas por chefes de gangues.
Mudar realmente seria dar aos jovens brasileiros melhor instrução, capacidade de atuação no mercado de trabalho, ter uma vida produtiva, perceber que é um ser humano, e por isso tem direitos e obrigações. Mas para fazer isso os governos vão gastar o que eles alegam não ter.
Bilhões na infraestrutura da Copa do Mundo e Olimpíadas, mas investimentos em educação e qualificação do filho do pobre brasileiro não há, ou se perde na corrupção, são desviados nos meandros políticos.
Não se deixe enganar, pois abarrotar os tristes presídios brasileiros com jovens é crueldade, imaginar que os delinquentes  filhos da elite política brasileira nunca vão parar num deles, pois são seres diferentes, com direitos absolutos, e com um ótimo sistema de desigualdades institucionalizado.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

BRASIL: PRECONCEITO OU NEGLIGÊNCIA

O Brasil tem se mostrado economicamente mais sólido, diante da forte crise econômica que vem se arrastando desde 2008 quando nos Estados Unidos a falência do Banco Lehman Brothers criou uma ruptura no sistema financeiro internacional.
A crise se alastrou para os países desenvolvidos da Europa, muitos dos quais estão na União Europeia, mas são mais frágeis, e dependeu de resgate do Branco Europeu e do Fundo Monetário Internacional.
A crise na Europa tem confrontado o poder da União Monetária, através do Euro, que tem levado à adoção de vários pacotes de austeridade, em Portugal e Grécia, mais recentemente no Chipre.
Mas grandes economias como França, Itália e Espanha tem apresentado forte contaminação em seus mercados, o que tem provocado vários choques entre empresários (principalmente banqueiros) e o governo de seus países, pondo em prova a força da União Europeia.
Dentre as graves consequências da crise está o aumento do desemprego, que tem sido terrível entre os espanhóis e os portugueses, mas que aumenta entre os franceses e os gregos. Os governos da Itália e da França endureceram o discurso contra a entrada de estrangeiros em seus países, como se eles fossem os principais responsáveis.
Enquanto isso, no Brasil, que a crise ainda não afetou gravemente o mercado de trabalho, mantendo estável a massa assalariada e com ganhos reais acima da inflação, tem atraído investimentos estrangeiro, principalmente associado aos eventos da Copa do Mundo de Futebol, Olimpíadas e nos setores de mineração e petroquímicos.
Somente no ano de 2012 mais de 70 mil estrangeiros vieram para o Brasil, a maioria de portugueses, espanhóis, chineses e franceses, que entram no país de forma legal, com vistos para o mercado de trabalho, com salários acima da média paga aos brasileiros.
Na outra ponta, os imigrantes haitianos, que com o convívio bastante amigável na missão de paz no Haiti, sob o comando de tropas brasileiras, tem os atraído para terras tupiniquins.
Porém o afluxo de haitianos para o Brasil foi tão elevado que o governo, no final de 2012, adotou em Porto Príncipe (capital haitiana) a liberação de 100 vistos por mês, ou 1.200 por ano, para que se pudesse vir de forma legal. O resultado foi o aumento expressivo de haitianos ilegais, trazidos pelos chamados coiotes que cobram entre 2 mil a 4 mil dólares para trazê-los, através do Equador, passando pela Colômbia, Peru até serem abandonados no Acre.
As cidades de Epitaciolândia e Brasiléia não sabem mais o que fazer com os imigrantes, que entre março a abril já superam 1.300 haitianos e senegaleses. O governador do Acre decretou estado de emergência social, para receber apoio do governo federal, no sentido de serem acolhidas essas pessoas.
Fica então a pergunta: porque os europeus e chineses estão vindo para o Brasil de forma livre e sem limite anual, enquanto que para os haitianos há o limite de 1.200 por ano? – o que há de diferente no respeito aos direitos humanos: a origem? – ou a necessidade de entrada de mão de obra especializada (coisa que a Europa tem além da conta)?

Prof Demétrio Melo
João Pessoa, 11 de abril de 2013
Fonte do mapa: http://cemcrei.blogspot.com.br/2011_06_01_archive.html