segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

E 2015?

Pois é, quem diria
Muitos dizem que o capitalismo triunfou, que diferentes maravilhas são atribuídas ao modo de produção capitalista e o "livre mercado", tais como os avanços na medicina, a chegada do homem a Lua, o fim da pobreza na Europa Ocidental, Japão, Austrália e América Anglo-saxônica, principalmente, além das novas nanotecnologias. 
Mas reparem que nessa segunda década do século XXI tais conquistas estão agora em xeque, o modelo de estado de bem estar social parece estar com os dias contados. Esse mesmo estado de bem estar, de certa forma, conteve o avanço do socialismo e comunismo nos séculos XIX e XX nos Estados Hegemônicos, mas agora o capitalismo vem ampliando as concentrações de renda e poder político. 
As 500 pessoas mais ricas do mundo têm em mãos a renda de 3,6 bilhões de pessoas, não foi assim que o século XX terminou.
Agora assistimos convulsões na Europa Ocidental, berço do livre mercado, tal como as greves na Grécia, na Bélgica e agora dos médicos franceses contra a terceirização de seus serviços pelo Estado. Novos atores entraram no jogo geopolítico mundial, China, Brasil, Índia, Coreia do Sul, e a massa sobre a balança do hemisfério sul tem crescimento, desequilibrando as economias ditas avançadas, até a sólida instituição "embargo sobre Cuba" parece estar afrouxando.
Em 2015 teremos mais um ano difícil para bilhões de seres humanos, com crescimento da inflação global e deterioração da renda nos países mais ricos e arrefecimento do papel dos emergentes na economia mundial.
E os Estados Unidos passam mais uma vez a puxar o crescimento econômico com aumento de sua dívida pública, que beira os 100% de seu Produto Interno Bruto.
Mesmo com a queda dos preços do barril do petróleo teremos derivados caros, energia mais cara, meio ambiente mais poluído e a certeza fica por conta de termos mais incertezas para 2015.
Feliz Ano Novo!

segunda-feira, 7 de julho de 2014

PROGRESSO MATERIAL E DESENVOLVIMENTO: AS CONTRADIÇÕES

Opinião

A nossa contemporaneidade, marcada pela instantaneidade midiática, cria uma fluidez no sistema de produção, circulação e consumo nunca antes imaginado pela humanidade.
Essa instantaneidade globalizante faz convergir os lugares superando línguas, costumes, leis e regras morais, tendo em vista a necessidade de o capital poder usufruir de novas formas de consumir, principalmente nas nações ditas emergentes, que expandem o consumo interno como forma de desenvolvimento.
Aqui nasce uma das mais importantes contradições o signo “desenvolvimento” não se equivale “ao desenvolvimento social”, ou seja, a possibilidade de cada nação, em cada cultura, poder decidir que melhor modelo lhe cabe para atingir seus concidadãos. O signo “desenvolvimento” está sob a égide do “progresso material”, da expansão das taxas de produção, circulação e consumo de bens e serviços. Ou ainda o signo “desenvolvimento” é uma contradição per si visto que nos países desenvolvidos há aumento de pobres, excluídos, marginalizados, a maior favela europeia encontra-se na periferia de Madri na Espanha.
O modelo de desenvolvimento que as nações vêm seguindo, desde a grande virada do sistema liberal inglês, no século XVIII, e com a ampliação mercadológica do sistema liberal estadunidense, século XIX para o século XX, permitiu para algumas nações um estado de fruição de qualidade de vida muito seguro e próspero, que neste momento enfrenta uma de suas maiores crises: o estado de bem estar social mantém gastos sociais além da capacidade de arrecadação, mais uma contradição ao modelo de desenvolvimento.
Muito se tem dito e defendido que o atual modelo de desenvolvimento brasileiro está fadado ao fracasso, com política de juros altos, elevada carga tributária e o nosso sistema de seguridade social têm feito o Brasil perder competitividade.
Os países ditos desenvolvidos, principalmente Estados Unidos, Japão e os maiores da Europa Ocidental (Alemanha, França, Inglaterra e Itália) na segunda metade do século XX deram início a uma corrida global em torno de novos mercados de consumo, principalmente em virtude da Guerra Fria, tendo a América Latina e grande parte da Ásia como destinos dos excedentes de capital proveniente dos petrodólares estadunidenses e da ampla poupança interna japonesa.
O que as empresas dessas nações vieram consolidar nos países ditos subdesenvolvidos ou do Sul, foram suas reservas de matérias primas, legislações fracas, ditaduras favoráveis ao mercado internacional, amplo mercado de reserva de mão de obra, facilidades de repasse de lucros, enfim, vieram consolidar o seu modelo de dependência econômica, social e produtiva em relação às nações já industrializadas e desenvolvidas.
Foram criadas inúmeras outras contradições nos países politicamente mais frágeis com dificuldades nas principais garantias civis, principalmente no que tange aos direitos humanos e a proteção da dignidade da pessoa humana, de outra forma, as liberdades civis, sociais, individuais e coletivas. Essas ideias em conjunto tem sustentado a atual retórica “progressista” de perda de competitividade frente os países asiáticos, que por lá auferem melhores lucros em razão dos menores “custos sociais” em se produzir novos bens e serviços.
Grande parte do empresariado brasileiro defende mudanças no sistema previdenciário e seu conjunto de direitos sociais em razão dos custos na produção, ora, seria mais inteligente, e menos hostil, defenderem um ambiente global de direitos sociais, pressionarem as entidades supranacionais em defesa de direitos sociais e coletivos nos países asiáticos, africanos e latinos americanos que ofertam maiores lucros em detrimento das restrições: jornada de trabalho de 14 a 16 horas por dia, salários que não garantem o mínimo para a reprodução material do trabalhador, ausência de seguro saúde, ausência de férias remuneradas, ausência de salário maternidade, combate à exploração do trabalho infantil. E as exterioridades desse processo hostil de produção: exploração sexual de menores, tráfico internacional de pessoas, depredação ambiental, tráfico internacional de armas e drogas.
Como sabemos o sistema de produção atual não se constitui em um sistema de ampliação de valores morais, tão pouco sociais, visto que em diferentes nações, vistas como modelo a serem seguidas, estão vivenciando o insucesso: inflação alta, baixo crescimento econômico, desvalorização social da produção, recorrência aos bancos privados para empréstimos e auxílio austero do Fundo Monetário Internacional.
As contradições internas ao sistema atual está ampliando as formas de produção hostil até nos países pioneiros de proteção aos seus trabalhadores e cidadãos, com a imensa quantidade de imigrantes pobres que todos os dias chegam nos países desenvolvidos se cria uma situação de conflitos, na Europa alimenta a xenofobia, nos Estados Unidos alimenta-se a produção de serviços pautada na mão de obra mal remunerada, principalmente de latino americanos e asiáticos.
Em suma o atual modelo de desenvolvimento material não pode ser confundido como sinônimo de desenvolvimento e progresso da sociedade, progresso que deveria ser pautado nas garantias fundamentais do valor social do trabalho, da dignidade, da individualidade, da liberdade de pensamento, da liberdade de culto, da liberdade de escolha.


sexta-feira, 28 de março de 2014

Estado burguês, imperialismo e outros assuntos

Opinião


O imperialismo americano se fez ao longo do século XIX ao XX. Os EUA, com a política da "América para os Americanos" criaram uma concepção ideológica e simbólica do poder do território estadunidense sobre os demais. O termo imperialismo foi utilizado bem depois, quando os europeus consolidaram seus domínios sobre a África e Ásia após a Conferência de Berlim (fins do século XIX), tendo a anexação literal de territórios africanos para as grandes potências europeias da época.

É muito comum inúmeros dirigentes políticos da América Latina, de ideologia marxista-leninista, se referirem aos EUA como imperialistas, entretanto o novo imperialismo americano é muito mais cultural, veja que estamos utilizando equipamentos criados naquele país, com tecnologia informacional daquele país, e não percebemos o quanto esse domínio cultural está intrínseco em nossas vidas e atitudes.

Os EUA embargaram sim a ilha cubana após sua revolução comunista, isso não quer dizer que há uma proibição comercial com os cubanos, mas há uma declaração extrínseca para os demais países que se alinham à potência norte-americana de que não querem ver seus aliados sustentando o modelo social de Cuba. Não há investimentos diretos de empresas com sede nos EUA na ilha dos Castros, ou seja, para investir empresas criam nos paraísos fiscais do caribe empresas de fachada para burlarem o embargo. Deve ser lembrado que a ilha cubana foi objeto de disputa no conflito entre os EUA e a Espanha, que os libertaram e mantiveram uma pequena elite na exploração da população até o golpe revolucionário.

Quanto a questão do capitalismo e do socialismo vale uma citação de Berman (Apud Haesbaert, 2011*) "a burguesia não pode existir sem revolucionar incessantemente os instrumentos de produção, por conseguinte das relações de produção e, com isso, todas as relações sociais".

Isso marca bem a fase atual do capitalismo de controle, onde todos estão em rede, conectados auxiliando na reprodução material de alguns poucos indivíduos que se apropriam da produção da sociedade na terminação de criar ainda mais-valia (Marx). A democracia burguesa é uma falácia, pois cria uma condição perversa e simbólica de que todos podem, com seu esforço, resolverem seus problemas, terem sucesso, ora isso não ocorre, vá para a Psicologia e estude como os indivíduos se veem e se registram. Aqueles que possuem determinado esteriótipo, criado pela mídia de massa, passa a ter sucesso, não por ser competente. A democracia burguesa fala em meritocracia, mas como isso é possível em sociedades desiguais sócio-psicologicamente? - outra falácia.

Muitos de nós vão passar apenas pela existência material mínima, permitindo sempre que alguém esteja de fato se beneficiando de seu trabalho, de uma mais-valia que expropria continuamente.

Não vejo como o capitalismo poderá suplantar o socialismo enquanto sistema social, e também não há condições para um socialismo determinado por antigas estruturas de poder criadas nos moldes de beneficiados naturais ( o direito divino ou natural).

Temos que sair do simbólico para cortejar o real, e o real passará a existir quando irmos além de pequenas necessidades materiais pontuais criadas pelos sistemas de consumo.


*HAESBAERT,  Rogério. O mito da desterritorialização do fim dos territórios à multiterritorialidade. Bertrand, 2011

IPEA REVELA A FACE DO MACHISMO

O Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas revelou essa semana o quanto o machismo é perigoso e violento no Brasil. 

Segundo o IPEA o comportamento da mulher influência nos estupros e nos abuzos dos homens, isso é o que pensa 58% dos entrevistados.
11% das crianças vitimas de violência foram estupradas pelos pais e 12% pelos padastros.
Uma preocupação estarrecedora: por a culpa dos estupros nas vítimas.
Acredito que os pais e mães estão deixando de atuar na educação para a igualdade de gênero. Lido todos os dias com crianças e adolescentes e presencio cenas que levam ao comportamento machista de meninos entre 10 a 14 anos (alguns antes dos sete anos demidade). Muitos já chegam na escola com tal comportamento e esperar que campanhas mudem isso é no mínimo ridículo. 
Acredito que, assim como aqui na minha casa, mães e pais estão presentes na educação dos filhos (seja menino, seja menina) então surge em casa a educação para o respeito: mulher é diferente de homens pelo gênero e não pelo direito. Não crie seu filho para ser macho! - não crie a filha para ser objeto!
Sei também que grande parte da educação doméstica está nas mãos do Big Brtother, das novelas, da Internet e da pornografia, nas mãos da rua  e da violência, nas mãos da exclusão social, e tais fatores contribuem para alimentar os estereótipos da mulher submissa, da mulher objeto (o que dizer da cerveja "devassa" ou "tomar uma loira gelada"?).
Vamos superar o sexismo de uma vez por todas e educar os filhos para a igualdade e não para a libertinagem.