Educação e violência*

Demétrio Costa de Melo**
João Pessoa, fevereiro de 2011
Em 2009 o Brasil participou da Avaliação Internacional de Estudantes (sigla PISA em inglês), com 20 mil estudantes das 26 UF’s além do DF, no intuito de melhor direcionar as políticas de desenvolvimento da educação básica.
A última edição do PISA contou com 470 mil estudantes de 65 países, para aferir os conhecimentos básicos sobre matemática, leitura e ciências. O atual líder do ranking é a China (com 600 pontos) e o Brasil ficou com a posição 53, obtendo média geral de 412 pontos.
Segundo avaliação da Universidade de Brasília, os estudantes do DF obtiveram a melhor média 439 pontos, em virtude dos maiores gastos médios por estudante, cerca de R$ 1300 por estudantes/mês.
O estado de Alagoas ficou com na última colocação, com um total de 354 pontos e gastos médios de R$ 339 por estudantes/mês, o que comprova que quanto mais se alocam recursos na educação melhor é o desempenho educacional.
Para o Ministério da Educação os estados do Nordeste, que apresentam os menores investimentos por estudantes, acabam sendo mais mal avaliados, entretanto, o de Alagoas merece um realce, pois possui o empresário-parlamentar mais rico na Câmara Federal, que segundo o site Congresso em Foco o Deputado João Lyra (PTB) declarou patrimônio de R$ 240.395.155,75.
E a questão da qualidade na educação não fica restrita somente a análise da concentração de renda, ou nos níveis de desigualdade, pois segundo o MEC em 2008 um terço de todos os professores do País não possuía formação naquilo em que ensinavam.
Como se não bastasse os parcos resultados educacionais o Ministério da Justiça, recentemente, divulgou dados sobre a violência no Brasil, principalmente contra os jovens. De acordo com o Mapa da Violência a capital paraibana saltou da 11ª colocação em 1998 para a 5ª em 2008, e Maceió capital do Deputado mais rico na Câmara é a campeã neste triste ranking.
A violência contra os jovens vem se alastrando e comprometendo o desenvolvimento da nação, por exemplo, João Pessoa saltou da 12ª posição nos homicídios entre os jovens de 15 a 24 anos em 1998, para a 6ª posição em 2008, e entre os estados Alagoas detém a triste primeira colocação.
O Ministério da Justiça declarou que estudará formas de combater a violência crescente contra os jovens, principalmente no Nordeste, já que no Sul e Sudeste tem se assistido estatísticas bem mais favoráveis.
O que se pode evidenciar é que as regiões que possuem melhores recursos intelectuais, economias mais diversificadas e expansão da massa assalariada apresentam resultados melhores não só econômicos, bem como sociais. No Nordeste a exploração do trabalho infantil, menor média salarial entre as regiões e poucas oportunidades de emprego para os jovens os níveis educacionais e a violência ainda serão dramas rotineiros na vida de centenas de famílias.
Para os especialistas que estudam o cenário da competitividade internacional nessa fase globalizante da produção e do consumo o Brasil perderá competitividade, se realmente não ocorrer um pacto nacional pelo desenvolvimento da educação perderemos a emergência econômica entre os países do Sul.
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*Artigo publicado no Jornal A União página 02, Caderno Opinião, 27/02/2011
**Bacharel e Licenciado em Geografia pela Universidade Federal da Paraíba. Professor de Geografia da rede oficial do município de João Pessoa e professor na rede particular. Colaborador do Jornal A União