Demétrio Costa de Melo*
João Pessoa, março de 2011
João Pessoa, março de 2011
Nas últimas semanas fomos tomados pelos acontecimentos “tsunâmicos” da economia japonesa, da guerra Líbia e da visita do homem mais poderoso (e cauteloso) do mundo.
Na coluna passada apresentamos um quadro das principais mudanças geopolíticas no mundo, que conta agora com importantes economias emergentes, dentre as quais se destaca o Brasil, que reconhecidamente o Presidente Obama afirmou que somos hoje um país de futuro.
O forte crescimento do mercado interno tem mantido estáveis os índices de emprego e renda no país, mas que devemos ser cautelosos para manter um crescimento sustentável, sem apresentar o costumeiro “voo de galinha”.
No quadro externo o início dessa década tem sido marcada pelo cenário de incertezas, tradicionais parceiros no Oriente Médio tem sofrido com a forte crise de alimentos e o desemprego que vem se alastrando há décadas, enquanto a política externa estadunidense se manteve alinhada atrelada ao fornecimento de petróleo sem mudar o comportamento político e social gerou parte da dos conflitos que a imprensa nacional e internacional vem reportando, a cada novo dia há um conflito, no Bahrein, Tunísia, Líbia, Egito... chegando até a afetar a rígida política chinesa.
Nossa pretensão de ingressar no seleto grupo dos “Conselheiros” de Segurança da ONU
o Brasil votou favorável a resolução para maior controle do programa nuclear iraniano, um sinal de que o Itamaraty passará a manter mais estreita a relação com os Estados Unidos, comportamento diferente daquele visto com a gestão Lula.
Ainda se tratando da visita de Barak Obama em terras brasileiras ficou em evidência a clara necessidade de seu país voltar a atuar na América Latina, visto que o Brasil tem expandido sua influência, e também para aproveitar que nosso país está entre os mais importadores dos Estados Unidos, mesmo sem ter sido necessário a criação da ALCA como pleitearam os Bush.
Enquanto conseguirmos manter a taxa de desemprego sobre controle, além da inflação e a expansão da massa assalariada conseguiremos atrair investimentos, principalmente dos tradicionais investidores: EUA e U.E.
Temos um longo caminho a percorrer, mas estamos trilhando um caminho próprio, nos afastando cada vez mais do Consenso de Washington, sem pudor de dizer que estamos entre as mais importantes economias do mundo. Quem poderia imaginar que os Estados sociais democráticos da Europa entrariam em ciclo de crise e retração econômica, primeiro a Islândia, depois Grécia, a Irlanda, corte de investimentos na França, Reino Unido e mais recentemente Portugal, onde isso irá nos levar?
Os modelos sociais que pensávamos estar copiando, são agora críticos e seguidores com o aval do Banco Mundial e do FMI.
Olimpíadas e Copa do Mundo sediados por um país subdesenvolvido (e emergente) poderá trazer mais atenção, mais investimentos, poderá trazer-nos mais dividendos e endividamentos, não foi a toa a visita de Obama, são negócios, são bilhões de dólares que poderão resgatar parte das perdas com a atual crise mundial.
Crise mundial que por aqui foi apenas uma marola, disse o nosso ex-presidente Luis Inácio, mas que está provocando uma tsunami nas contas públicas dos países centrais, que agora disputam investimentos, inclusive da China que em 2010 emprestou mais do o que próprio Banco Mundial.
O otimismo contagia nosso povo, estamos encantando o mundo com o nosso jeito de enfrentar as dificuldades, mesmo tendo um cenário de incertezas nesse admirável mundo novo...
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*Bacharel e Licenciado em Geografia pela Universidade Federal da Paraíba. Professor de Geografia da rede oficial do município de João Pessoa e professor na rede particular. Colunista do Jornal A União