O objeto de estudo desta ciência, por muito tempo, ficou preza a etimologia da palavra geo: do grego gé (terra) e grafia: desenho, descrição, portanto geografia quer dizer representação ou descrição da Terra. Ainda no final do século XIX, muitos contribuíram para os primeiros avanços e definição do objeto da geografia, como Alexandre Von Humboldt, K. Ritter, Friedrich Ratzel e o francês Vidal de La Blache, que define geografia como a ciência dos lugares e não dos homens.
A ciência geográfica tornar-se-á uma disciplina acadêmica (sistematizada) nos fins do século XIX com a obra de Ratzel – Antropogeografia, publicação esta influenciada diretamente pelas transformações culturais ocorridas na Europa – processo de expansão do Império Austro-Húngaro e de alguns Impérios Europeus sobre a África e Ásia. Neste primeiro momento a ciência geográfica é uma espécie de síntese de outras disciplinas acadêmicas voltada exclusivamente para a identificação e diferenciação de áreas e com forte discurso nacionalista.
Após a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais (século XX), os meios técnicos de propagação da informação tornaram-se mais ágeis e, quem saiu na frente por esta disputa foram os Estados Unidos da América, numa tentativa de se desvencilhar da dominação cultural europeia vigente desde do Renascimento. Assim surge a escola de geografia Norte-Americana – New Geography com seu principal propagador Richard Hartshorne, que segundo esse a Geografia tem por objetivo proporcionar a descrição e a interpretação, de maneira precisa, ordenada e racional, do caráter variável da superfície da Terra.
Outros autores definem seu objeto como o estudo da paisagem, tornando a Geografia uma ciência de síntese, utilizando ferramentas de outras ciências na tentativa de explicar seu objeto de estudo. Alguns preferem definir como seu objeto de estudo a região (porção da Terra com dimensões variáveis) passível de ser individualizada. Por fim, há “autores [que] definem o objeto da geografia como o estudo das relações entre o homem e o meio, ou, posto de outra forma, a relação entre a sociedade e a natureza”. (MORAES; 18/1999)
A “auto afirmação” de uma disciplina por um objeto de estudo, baseia-se nas concepções positivistas, onde só é cientifico aquilo que está intrínseco com a realidade palpável, ou seja, mensurável, essa Geografia é conhecido como Geografia Tradicional vigente até meados da década de 1970. A partir de então a ciência geográfica passou por um movimento de renovação – Geografia Crítica/Radical/Marxista ou melhor, surge uma nova proposta geográfica para interpretar a realidade geográfica, trilhando novos caminhos teóricos metodológicos, sem se transformar em uma tautologia.
Na obra de Milton Santos (Por Uma Geografia Nova) o autor afirma que a Geografia na verdade é uma Espaciologia, uma vez que toda a produção humana se registra no espaço, ou seja, o Espaço Geográfico é produto dos homens ao longo de seu processo de desenvolvimento histórico-material.
Referências Bibliográficas
MORAES, Antonio Carlos Robert. Geografia: pequena história crítica. SP: Hucitec, 1999.
_________________________ A Gênese da Geografia Moderna. SP: Hucitec, 2ª ed., 2002.
SANTOS, Milton. Por Uma Geografia Nova: da crítica da geografia a uma geografia crítica. SP: EDUSP, 6ª ed., 2004
SODRÉ, Nelson Werneck. Introdução à Geografia: geografia e ideologia. RJ: Petrópolis, 6ª ed., 1976.
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