A tsunâmica economia mundial I


Demétrio Costa de Melo*
João Pessoa, março de 2011

Como dizia Milton Santos o mundo hoje vive a instantaneidade dos lugares, somos seduzidos pela imensa quantidade de informações ao nosso dispor, a cada hora produzimos mais informações do que todo o período da Idade Média.
No século XX o mundo vivia o conflito da Guerra Fria, para as duas superpotências existiam aliados e inimigos, o mundo era um imenso tabuleiro de xadrez, onde governos e países eram peões a serem movimentados segundo a necessidade estadunidense ou soviética.
Que o digam os afegãos treinados e financiados pelos Estados Unidos, para impedirem o avanço soviético sobre o Oriente Médio, ou o atual imbróglio diplomático com o Irã, que em 1973, em um golpe de estado, extirpou a influência norte-americana de seu território, e que atualmente é visto pela comunidade internacional como país belicoso.
Tome-se também como exemplo o Japão, inimigo estadunidense durante o segundo maior conflito mundial de nossa história e que se transformou na sociedade mais ocidental no mundo oriental. Abalado atualmente por um colapso social advindo das profundezas da Terra, que ceifou milhares e está transformando o Japão em uma economia colapsada.
Mal conseguimos nos recuperar da recente crise mundial, deflagrada pelo elevado endividamento público estadunidense, que levou países, antes vistos como estáveis, e enclaves econômicos a bancarrota. Quem poderia imaginar que o FMI estaria às portas da Islândia, Grécia e Irlanda para socorrerem seus fundos públicos e estabilizar a zona do euro. Quem poderia imaginar um país como o Brasil, de devedor para um grande credor do fundo monetário, sendo elogiado pelo presidente do fundo mundial, como um dos países que mais certo vem fazendo diante de um cenário de incertezas.
O tsunami que atingiu o Japão, que como sabemos é agora a maior tragédia humana recente para o país, elevou o nível de incertezas sobre energia nuclear, sobre as tecnologias humanas para controlar a natureza, a fuga de capitais que poderão levar o país a um endividamento maior do que em contextos da Segunda Guerra.
Mas mais uma vez está o grande irmão do Norte de prontidão para auxiliar nos trabalhos de recuperação e declarar, com eufemismos, que energia nuclear é segura e limpa. Não poderia ser diferente, os Estados Unidos importam diariamente 63% da produção mundial diária de petróleo, causando-lhes tamanho desarranjo em suas contas.
O irmão do Norte está para se encontrar com a Presidenta Dilma, entre outras coisas discutirão energia, segurança, etanol e se possível assinarem protocolos de intensão para o aumento das exportados de seu país para o nosso, já que desbancamos todos os demais países do continente americano.
Essa tsunami de mudanças do contexto geopolítico recente trará para nós excelentes oportunidades para garantirmos a nossa candidatura por um posto permanente no conselho de segurança das Nações Unidas, já que no Grupo dos 4 (Japão, Alemanha, Índia e Brasil) a economia com a melhor oferta de oportunidades para o mundo é a nossa e que mais apoia os Estados Unidos nos fóruns mundiais.
Somos o único país que de forma voluntária preferimos investir na geração de energia nuclear, respeitando o tratado de não-proliferação de armas atômicas, e o único a investir na expansão da oferta de energia limpa e renovável, sem ter que, necessariamente, cumprirmos o Protocolo de Quioto.
Estamos caminhando para um novo caminho de incertezas no Oriente Médio, cujo controle efetivo está sendo perdido pela grande potência militar e econômica, que em visita poderá assinar acordos de importação de petróleo do nosso pré-sal, fato intangível na era Bush, que continua a considerar o Oriente Médio prioritário em sua geopolítica...
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*Bacharel e Licenciado em Geografia pela Universidade Federal da Paraíba. Professor de Geografia da rede oficial do município de João Pessoa e professor na rede particular. Colunista do Jornal A União