Opinião
As cenas de crianças se contorcendo após ataque com armas químicas na Síria correram o mundo, em um planeta conectado e vivendo a instantaneidade dos lugares é impossível controlar a velocidade da informação.
Os Estados Unidos, como de costume, se posiciona como a "polícia do mundo" para coibir ações como essa promovida por Bassar Al-assad (presidente sírio) contra sua própria população, numa tentativa de manter-se no poder (extremamente corrupto e herança de seu pai Hafez Al-assad).
Obama, para não ficar com o ônus político "sozinho" buscou junto ao Congresso e na opinião pública a carta branca para atacar o regime sírio que já vitimou, segundo agências humanitárias internacionais, mais de 100 mil pessoas e criou um êxodo de mais de 4 milhões de refugiados segundo a ACNUR.
Nos últimos dias o conselho de Segurança veio a analisar a proposta da Rússia, que é contrária a um ataque estadunidense e tem na Síria um grande comprador de armas (herança lá dos tempos da Guerra Fria), de enviar inspetores da ONU para catalogar as armas químicas e posteriormente destruí-las. Mas de que adiantaria tal ação? - simples, retardar o ataque e reduzir o papel dos Estados Unidos na região conturbada do Oriente Médio, acalmando os tensos mercados de petróleo e seus derivados.
Bom e quanto as outras armas que estão massacrando a população? - essas podem e continuam a ser usadas, pois as resoluções da ONU proíbem o uso de armas químicas ou nucleares, mas as demais não, ou seja, não cria nenhuma perspectiva de mudança do quadro da guerra civil que Al-assad não reconhece.
Um ataque dos EUA traria como consequência uma virada no palco geopolítico do Oriente Médio, ampliando ação estadunidense para além do retalhado Afeganistão e Iraque e se mostrando ao regime de Teerã como se tratam os "inimigos" da grande águia.
A Arábia Saudita, articulista experiente, é uma das grandes interessadas na ação dos EUA na Síria, pois enfraqueceria o Irã na região, que tem auxiliado na recomposição do exército sírio e que historicamente atrapalha os planos da OPEP no controle geopolítico do petróleo.
Mas até agora a guerra tem sido psicológica, tendo Obama como pivô, que busca apoio internacional, já tendo conquistado a simpatia de Françoi Hollande (presidente francês) que garantiu apoio aos EUA numa provável ação tática no conflito, uma clara retribuição no conflito líbio contra o falecido Muammar al-Gadafi.
Mas o herói de guerra Vladimir Putin (presidente russo) tem azedado as questões, principalmente com o apoio que deu ao Edward Snowden (o que delatou a gigantesca rede de espionagem estadunidense que tem dado o que falar) e propôs primeiro a emissão de agentes da ONU, atrasando tudo e mantendo seu aliado comprador de armas no poder sírio.
Pois é, quando se trata de bilhões de dólares a população fica em segundo plano, mesmo que não sobre muita coisa para se governar na Síria, mas o Al-assad não se importa, visto que a maioria dos ditadores do Oriente Médio acabam fugindo para países que não reconhecem diversas resoluções internacionais, ou ficam em celas especiais, durante anos, esperando o julgamento.
A Primavera Árabe de fato não conseguiu mudar as trágicas condições de vida para milhões de pessoas, sejam elas de origem árabe ou não, e a comunidade internacional assiste a tudo isso e não consegue ir além dos discursos, principalmente os europeus que vivem seus próprios dilemas com uma lenta e trágica recuperação econômica desde 2010.
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