Nas próximas linhas procure, caso prossiga com a leitura, não levar nada em
consideração...
Ser professor, ultimamente, tem sido tarefa hercúlea.
Percebo que dar aula é muito mais fácil que educar. Em dias atuais com
inúmeros pais se desdobrando entre prover o lar e educar seus filhos, vejo que se
tem preferido prover, ao menos os que se mostram responsáveis, prover o lar e
com isso proporcionar certo conforto material a seus filhos e filhas.
No entanto, filhos e filhas vão aos milhares e milhares para a escola, na
certeza de encontrarem condições de desenvolvimento social, psíquico e educacional,
este último de maneira incompleta, em razão de inúmeras situações, tais como
mudanças na estrutura familiar, arranjos familiares instáveis, pouco
amadurecimento dos novos pais, e outras razões que não cabem agora ser
apontadas.
Certa vez, em uma reunião ouvi que para o "professor" ser
conhecido no mercado no mínimo levar-se-ia dez anos de profissão, percebo o quão
equivocada foi tal afirmação. Pois ser professor é muito mais que um nome
conhecido na praça.
As universidades estão aquém da formação profissional, pode-se alcançar
formação acadêmica, entender conceitos curriculares e outras demandas, mas em
uma sociedade plural, multiétnica (vários brasis internos) não há uma escola de
pensamento que possa teorizar e aglutinar tamanhas demandas sociais e
intelectuais dentro dos muros escolares.
No universo da subjetividade a única objetividade é saber que para ser
professor/educador muito depende da própria formação do indivíduo, que dotado
dessa ou daquela visão (parcial) de mundo se vai trilhando uma carreira, que
muito embora se utilize de palavras mais duras (que corriqueiramente haja más
interpretações de suas ações) podem levar a equívocos e desgastes físicos e
psicológicos.
Com doze anos de sala de aula, ou seja, muito pouco ainda para estar no
cabedal de mestres do ensinar-aprender, deparo-me com diálogos terríveis, tais
como ser ofendido publicamente (“professor vá tomar no c...”, ou “vou riscar seu carro”, ou ainda
“professor você não fica doente?!”) ou ser coagido a fazer algo para livrar-se
de perseguições e ameaças.
Estamos em marcha para o abismo social, aonde nossos futuros jovens vão a
cada dia se degladiando, coagindo professores, praticando assédio moral, sem
que se tenham punições sérias, com argumentos moralmente fadados ao fracasso.
Nada acontece por acaso, escolhemos desempenhar tais papéis, só não sabíamos
o quão massacrante seria assumir tanto poderes, porque agora estamos cheios de
mais responsabilidades...