terça-feira, 26 de abril de 2011

O pluripartidarismo


Demétrio Costa de Melo*
João Pessoa, abril de 2011

Na década de 1980, em meio às ondas de mudanças pós-guerra do Vietnã, crise econômica mundial sistêmica e do enfraquecimento da ditadura brasileira, conseguimos aqui retomar direitos civis cerceados pelos generais.
A constituição brasileira nos garante a livre circulação de ideias, o direito à greve, de fato vivermos um sistema democrático de Estado e de Direito, mas as velhas mentalidades paternalistas em torno do poder tem demonstrado a imaturidade de nossa democracia.
Nessa semana assistimos à criação de mais um partido político o “Partido Social Democrático”, legenda criada e encabeçada pelo Prefeito de São Paulo Gilberto Kassab.
Pela leitura que se tem no momento podemos pensar que Kassab está de olho nas próximas eleições municipais, entretanto não é apenas isso, mas o próprio fortalecimento de sua liderança sob a tutela de uma nova legenda.
O PSD é um misto de PSDB e do DEM, seu antigo partido, uma ideologia instituída pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que vislumbrava a criação de uma sociedade mais alinhada com o pensamento da direita-liberal, mas que definhou com a chegada do PT na presidência da república. O antigo projeto de abertura do mercado interno, o forte endividamento externo e supervalorização do Real frente o Dólar na década 1990 impediram a ascensão do Consenso de Washington no Brasil e do engajamento político em torno da social democracia, mentalidade irreal para os brasileiros desempregados e endividados frente às crises dessa década.
Não é a toa que Kassab, com a criação de um novo partido com ilustres figuras do DEM e do PSDB em nada muda no principio ideológico, porém torna ainda mais evidente o enfraquecido PSDB, e dificulta a recuperação do DEM na Câmara Federal. Refreando o projeto político de alianças em torno da sucessão presidencial, tendo o senador mineiro Aécio Neves um dos nomes mais prováveis para disputa com as alianças PT-PMDB.
Mas no Brasil política se constrói com a criação de partidos políticos, os gregos, considerados pais da democracia, acredito, que ficariam atônitos com tal processo no Brasil, é difícil compreender como candidatos trocam alianças com antigos rivais, em torno do projeto de poder e não um projeto de Estado, seria uma distinção mais clara de idiota, pessoa que torna privado o que deveria ser um bem público, alianças que levam aos eleitos lotearem cargos em empresas públicas, sem ao menos se preocuparem com a eficiência e a melhoria dos serviços à população.
A democracia brasileira, ainda muito jovem e sem ter uma população mais participativa, mais articulada politicamente não será a real beneficiada com os jogos de poder, sejam eles locais, regionais e nacionais. A ideologia dos partidos sociais democráticos remetem a países escandinavos, sociedades etnicamente mais homogêneas, sem graves desníveis sociais e que convivem há muitas décadas o sentimento democrático e de um Estado de direito. Mas mesmo na Europa os partidos sociais democráticos enfrentam na atualidade grandes desafios, tais como o que vem ocorrendo no Estado Português que vive agora a derrocada de sua política social democrática, seu Presidente Cavaco Silva foi um dos fundadores do PSD português, e responsabilizado, juntamente com seu Primeiro Ministro José Sócrates, pela atual crise econômica, que conta com atenção do Banco Europeu e do FMI para manterem estáveis a Zona do Euro.
Devemos assegurar que a Justiça e o Estado mantenham nossos legisladores fieis a condução da sociedade, e para tanto são urgentes a reforma tributária, que incida em menos impostos sobre a produção e o consumo, e a reforma política, que mantenham nossos representantes munidos do desejo de um País melhor, mais letrado, mais rico e socialmente mais justo, para que todos venham a fazer parte da democracia brasileira.

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