terça-feira, 6 de setembro de 2011

A outra crise mundial


Demétrio Costa de Melo*

Enquanto o mundo financeiro se esfacela nos países desenvolvidos, antigas crises atingem milhões de pessoas pelo mundo.
No final da década de 1940 Josué de Castro trouxe luz para um dos maiores problemas da humanidade: a fome. Não apenas um intelectual, mas um ativista que com sua obra “Geografia da Fome” queria despertar os governos do mundo todo para combater esse grave mal.
Segundo dados do Fundo Mundial para Alimentação (FAO em inglês) existem mais de 1 bilhão de pessoas passando fome todos os dias, isso mesmo, o cotidiano de um sétimo da população da Terra é sofrer com a carência quase que total de alimentos. As recentes crises no mundo árabe, em grande parte, são decorrências do elevado custo com as importações de alimentos.
A questão da fome é mais grave no continente africano, principalmente na Somália, Ruanda, Níger, Sudão Serra Leoa, que viveram (e ainda vivem) conflitos civis, além de produzirem insuficientemente para o consumo interno, e o pouco que produzem destinam-se às exportações.
Na década de 1970 surgiu uma revolução produtiva, conhecida como “Revolução Verde”, que consistia na produção ampliada de gêneros com tecnologias agrícolas, máquinas e demais implementos, tornando países com Brasil, Índia e México grandes exportadores, porém a fome ainda ronda seus territórios ceifando milhões, estima-se que somente na Índia haja 200 milhões de famintos.
A Geografia da Fome continua concentrada nos países subdesenvolvidos, principalmente naqueles que dispõem de parcos recursos para investir na correção de solos e na distribuição da produção. E no momento atual que todos pensam nos prejuízos nas bolsas, com o endividamento das nações mais ricas e industrializadas, não espaço na mídia para as típicas tragédias humanas.
Não obstante há o aumento dos casos de infecção de HIV/AIDS, está sem controle em vários países do continente africano e na Ásia, pois a maioria desses países não têm condições de custear o tratamento dos portadores ou mesmo ampliar campanhas educativas para prevenção.
A impressão que dá é que para os investidores não interessa se há trabalho escravo, ou superexploração da mão-de-obra infantil nos países mais pobres, o que interessa é que se mantenham os níveis de consumo, restrito aos países ricos e aos mais ricos dos países pobres.
O quanto estaremos dispostos a gastarmos com esse ou aquele supérfluo pouco nos importa, importa se continuamos a movimentar a roda, a fazer a máquina girar, mesmo sabendo que a natureza é finita em seus recursos, e a genialidade humana é infinita, que infelizmente carece de uso racional na ampliação de benefícios para todos.
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*Bacharel e Licenciado em Geografia pela Universidade Federal da Paraíba. Especializando em Geografia e Gestão Ambiental, Professor de Geografia da rede oficial do município de João Pessoa e professor na rede particular. Colaborador do Jornal A União

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