Demétrio Costa de Melo*
João Pessoa, julho de 2011
Artigo publicado no Jornal A União de 31/07/2011, Caderno Opinião, página 2
Artigo publicado no Jornal A União de 31/07/2011, Caderno Opinião, página 2
No momento atual a única certeza que temos, além da morte, são as incertezas sobre os Estados Unidos nos levarem ou não a bancarrota.
O mundo mudou, mas as economias não mudaram. Continuam atrelando nível de endividamento com perspectivas futuras (incertezas) de que tudo vai caminhar certo, com a destreza de uma equação matemática, mas o fim se mostra dramático.
O Brasil figura como um dos principais credores dos títulos do Tesouro Americano, são quase US$ 190 bilhões em títulos nas mãos do Governo Brasileiro, em outras palavras, milhões de brasileiros pagaram bilhões em impostos, para ajudar nossos irmãos americanos, mas que na hora de recebermos os juros, cerca de 1% descontado a inflação, vem a notícia de que a maior economia capitalista não tem condições de honrar com seus compromissos, isso por que os juros no Brasil chegam a 140% ao ano.
Pelo jeito a economia brasileira entrou no final da festa, fomos obrigados a aceitar todas as medidas de austeridade do FMI, do Banco Mundial, regras de comércio da OMC, programas de privatização, terceirização da economia, câmbio flutuante, superávit primário, manutenção dos juros da dívida, ou seja, fizemos a lição de casa, enquanto isso o brasileiro, que desconhece o funcionamento de uma bolsa de valores ou que só vê dólar em filmes, corre sérios riscos de ter que ajudar no esforço fiscal dos norte-americanos, tendo em vista que se anuncia um período de recessão às exportações de produtos brasileiros.
Enquanto democratas e republicanos não chegam ao consenso a Chanceler Alemã, Angela Merkel, aproveitando esse universo de incertas dos EUA e do dólar, sabiamente está propondo um “substituto” ao FMI, um Fundo Monetário Europeu com a função de mitigar crises na Europa, como vem ocorrendo desde 2008, que atinge principalmente Grécia, Portugal e Espanha, o que reduziria ainda mais a influência dos norte-americanos no Velho Mundo.
Entretanto, no Velho Mundo há uma experiência malograda de aumento da capacidade de endividamento pelo Estado, a Itália vem tentando, sem muito êxito, ajustar as contas públicas, com endividamento acima de seu produto interno, e para os países que mantém baixas taxas de natalidade a cada ano há mais aposentados e menor consumo no país. A conta obviamente não se fecha!
Para os EUA aumentarem seu nível de endividamento no curto prazo sana os problemas de credibilidade, afinal nenhum país na história recente deu calote de 800 bilhões de dólares, e pode ajudar o Presidente Obama na corrida presidencial que se aproxima, mas o principal impacto social de um eminente calote histórico, por que até o momento que escrevo esse artigo o Congresso não chegou a um texto final para apreciação, será com os aposentados, a classe média e as áreas de saúde e educação, que poderão ficar sem US$ 300 bilhões em investimentos e recursos de custeio. É assim que se destrói uma Nação.
Nesse quesito os brasileiros poderiam servir de exemplo aos norte-americanos, há décadas que os sistemas públicos de saúde e educação vivem em frangalhos, com filas sofríveis no primeiro e péssimos resultados educacionais, ou sob outra ótica seremos elevados á categoria de “país desenvolvido” já que Brasil e Estados Unidos terão algo em comum: países caloteiros...
Mas não se preocupe, vá até o cinema mais próximo e assista “Capitão América”, nostalgia dos tempos da potência líder da Guerra Fria.
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*Bacharel e Licenciado em Geografia pela Universidade Federal da Paraíba. Especializando em Geografia e Gestão Ambiental, Professor de Geografia da rede oficial do município de João Pessoa e professor na rede particular. Colunista do Jornal A União
*Bacharel e Licenciado em Geografia pela Universidade Federal da Paraíba. Especializando em Geografia e Gestão Ambiental, Professor de Geografia da rede oficial do município de João Pessoa e professor na rede particular. Colunista do Jornal A União