sexta-feira, 22 de julho de 2011

Repúblicas de bananas


Demétrio Costa de Melo*

Dos anos 60 aos 90 do século passado os países que compõem a região da América Latina eram, por vezes, conhecidos por sua instabilidade política e econômica.
A geopolítica estadunidense  se fez presente no continente como um todo, mais ainda na porção central, principalmente em função da experiência socialista em Cuba, e tentativas frustradas na Nicarágua, Honduras e El Salvador. Inclui-se também o Panamá, onde os Estados Unidos (EUA) guarnece o canal que liga os dois maiores Oceanos da Terra.
As economias caribenhas receberam pesados investimentos produtivos no setor agrícola, com a chamada “Revolução Verde”, onde empresas controlavam grande parte da produção, principalmente de frutas, com destaque para as bananas, daí a denominação de “República de Bananas”. De maneira jocosa os analistas norte-americanos sempre se referiam a tais países com desdenha denominação.
Muitos imigrantes, a maioria ilegal, nos EUA é oriunda da América Central, que para fugir da fome, perseguição política, narcotráfico, e outros inúmeros problemas, tentam melhorar de vida na “Terra do Tio San”.
No entanto, a crise econômica, a ascensão dos Emergentes, principalmente China, Coreia do Sul, Brasil, tem retirado fatias cada vez maiores dos investimentos e mercados consumidores tradicionalmente controlados pelos EUA.
A crise de 2008 tem se alastrado para os mercados desenvolvidos criando inúmeras incertezas, principalmente sobre a capacidade de endividamento que os países podem assumir diante de seus credores. O cenário geopolítico tem sido outro em dias atuais, com o Congresso Estadunidense tendo que elevar o teto de endividamento do Estado, para além de 14,5 trilhões de dólares, ou cerca de onze vezes a economia brasileira. No rating internacional a capacidade do Governo Brasileiro de pagar suas dívidas é maior que para com o “Tio San”.
Da mesma forma que se referiam à América Latina como república de bananas, e muitas vezes incluíam o Brasil, os EUA não estão mais com tanto folego na politica internacional, mecanismos outrora criado por eles para “dinamizar nossas economias” nunca foram seguidas por seus criadores, que agora estão reescrevendo a cartilha do FMI.
Algumas pessoas já dizem até que o fim do mundo está próximo, tendo em vista países subdesenvolvidos estarem em situação privilegiada em relação aos desenvolvidos, diga-se o caso da Grécia, que já acertou seu socorro com o FMI-Banco Europeu, além de Portugal, Espanha e Irlanda que necessitarão de um pacto de “austeridade”. Sem deixar de mencionar a Itália que mantém nível de endividamento superior ao próprio Produto Interno.
Para esses pessimistas tenho pensado que poderemos ser, finalmente, se não uma grande potência, uma economia mais honesta, justa socialmente, que consiga sair do atraso político, educacional, tecnológico e claro financeiro. Gigantes como Coca-Cola e Nike, dentre outras, irão abrir papéis na BM&F, a Bolsa de São Paulo, que está entre as cinco maiores do mundo.
Caso não consigamos aproveitar esse ciclo de expansão econômica, com desoneração de tributos sobre produtos de consumo, sem uma verdadeira reforma política e sem investimento em infraestrura de transportes poderemos voltar a ser mais uma “República de Bananas”, ou seremos a potência de banana, carne, leite, ovos, soja...
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*Bacharel e Licenciado em Geografia pela Universidade Federal da Paraíba. Especializando em Geografia e Gestão Ambiental, Professor de Geografia da rede oficial do município de João Pessoa e professor na rede particular. Colunista do Jornal A União

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