Demétrio Costa de Melo*
João Pessoa, junho de 2011
Pronto, todos os preparativos à recuperação econômica da Grécia foram predefinidos pelo FMI, Banco Europeu e credores alemães e franceses.
Nos próximos quatro anos os gregos vão contar com a injeção de 110 bilhões de dólares em sua economia, para garantir que o país não aplique moratória ou leve os bancos europeus a bancarrota.
Enquanto que na maior economia do mundo, Estados Unidos, a ajuda econômica de 650 bilhões de dólares serviu apenas para manter o controle monetário da gigantesca dívida pública e manter um pequeno ritmo de recuperação econômica, sem que entrasse na espiral de recessão. Porém o principal objetivo era elevar o consumo doméstico, aumentar a produtividade e assim reduzir a alta taxa de desocupação de sua força de trabalho, já acima de 9% da população economicamente ativa (PEA).
Na Itália a dívida pública forçou a aprovação de um plano nacional de “austeridade” para controlar os gastos do Governo, cuja dívida pública atinge 120% do Produto Interno Bruto, e com as perspectivas demográficas negativas para os próximos anos há o temor de endividamento previdenciário muito além da arrecadação. Inclusive é um dos grandes temores atuais das economias europeias, o envelhecimento da população seguida de uma baixa fecundidade gerando enormes déficits, pondo em risco conquistas sociais, tais como os sistemas públicos de saúde, que funcionam melhor que muitos sistemas privados no Brasil.
Mas nós aqui no Sul subdesenvolvido assistimos algo novo, que as gerações anteriores não assistiram: países subdesenvolvidos abalam a economia mundial!
Recentemente a China inaugurou a maior ponte do mundo sobre águas marítimas, custou mais de R$ 3,6 bilhões ao Governo Central, além do trem de alta velocidade ligando Pequim a Xangai.
Já em terras tupiniquins os investimentos para os jogos da Copa também chamam a atenção do Mundo, só que pela lentidão com que os estádios e outras infraestruturas estão sendo construídas ou reformadas. Na edição 2218 da Revista Veja indicava que a Copa do Mundo de 2014 deveria ser transferida para 2038, já que o atraso das obras matematicamente leva a essa interpretação. O Brasil, por ser uma das economias com maior expansão, ou pelo menos maiores possibilidades, tem ainda que apresentar um plano de nação, a partilha política dificulta investimentos de grande volume de capital.
Voltando a ceara europeia os desarranjos econômicos põe em dúvida a capacidade das economias honrarem com seus compromissos, sua forte dependência por insumos importados e a alta do barril de petróleo dificulta a retomada do consumo. As exportações do continente não conseguem competir com as da China, que oferece melhores preços e maior volume de matéria exportada. O plano de austeridade da Grécia, que servirá de modelo para Portugal, Espanha e demais países do continente que recorrerem ao FMI, pode se mostrar mais uma falácia do pensamento da economia liberal, pautada em subsídios e protecionismo. É mais uma contradição que o sistema atual deverá responder.
Vamos continuar aqui no Hemisfério Sul, vamos assistir às grandes economias tentarem, até agora sem muito sucesso, escapar da recessão e da depreciação de seus estilos de vida, uma austeridade financeira não garantirá o alimento diário do grego, mas acalmará a ânsia dos especuladores...
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*Bacharel e Licenciado em Geografia pela Universidade Federal da Paraíba. Especializando em Geografia e Gestão Ambiental, Professor de Geografia da rede oficial do município de João Pessoa e professor na rede particular. Colunista do Jornal A União
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