sábado, 27 de agosto de 2011

Todos pela educação

Demétrio Costa de Melo*
João Pessoa, agosto de 2011
Na última quinta, 25 de agosto, foram divulgados os resultados da avaliação nacional para o primeiro ciclo, e quase metade dos estudantes simplesmente não aprende matemática e língua portuguesa.
A Prova ABC, realizada em parceria pelo movimento “Todos Pela Educação” e o Instituto Anísio Teixeira, ligado ao Ministério da Educação (MEC), divulgaram que 43,9% dos alunos não conseguem interpretar um texto e 52,7% não conseguem resolver problemas simples em matemática.
Muitas variáveis podem ser utilizadas para tentarmos compreender a problemática, dentre elas é a própria capacitação dos profissionais de educação, que segundo dados do MEC ainda temos um terço dos professores em sala de aula sem qualquer formação específica, e pelo menos 35% dos professores possuem formação, mas sem licenciatura.
Outra provável causa do problema, bandeira dos sindicatos pelo Brasil afora, são os baixos salários associado à precarização do trabalho.
Analisando os resultados entre os estudantes oriundos das escolas públicas constata-se que a cada 100 alunos somente 43 aprendem o esperado em matemática, contra 72 da rede particular, e em leitura de cada 100 da rede pública 52 sabem interpretar um texto, enquanto que provenientes da particular são 79.
Se os planos do Governo Federal é ter um “país sem miséria” os maiores investimentos deveriam ocorrer na área educacional, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego o total de estrangeiros que veem para o Brasil cresceu cerca de 13%, em relação ao mesmo período de 2010, são mais de 23 mil, que buscam oportunidades, principalmente, nos setores ligados à infraestrutura energética (petróleo e gás, hidrelétrica). A maioria dos que chegam dizem: “a população brasileira apresenta baixa qualificação”.
Na Comissão de Constituição e Justiça do Senado discutem imposto específico para grandes fortunas, com patrimônio acima de R$ 55,5 milhões, inspirado no que vai ocorrer na França para equilibrar as finanças do país, frente a atual crise mundial. Mas aqui no Brasil o projeto terá pouca possibilidade de ser aprovada, em virtude de penalizar a maioria dos próprios parlamentares. Segundo o projeto toda receita gerada com a arrecadação seria revertida ao SUS (Sistema Único de Saúde), afastando a volta da CPMF, ou seja, saúde e educação continuarão a ser oferecidas a população como continuam: precária e desqualificada.
Quando se diz todos pela educação deveríamos pensar em maior engajamento da sociedade, mas o que temos visto é a luta de Estados e Municípios contra a aplicação do Piso Salarial Nacional, com o argumento de que não há recursos financeiros para tal. Construímos as escolas, porém não se contrata os profissionais, o déficit no País é absurdo, entretanto, não falta dinheiro para publicidade e organização de festas com recursos públicos.
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*Bacharel e Licenciado em Geografia pela Universidade Federal da Paraíba. Especializando em Geografia e Gestão Ambiental, Professor de Geografia da rede oficial do município de João Pessoa e professor na rede particular. Colunista do Jornal A União

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