sexta-feira, 24 de junho de 2011

A convulsão Europeia


Demétrio Costa de Melo*

Em 2008 a Olimpíada de Pequim não foi suficiente para ofuscar os graves desentendimentos entre georgianos e russos, mal havia terminado os jogos e o mundo foi pego de assalto em mais grave crise do capitalismo mundial.
Em pouco tempo a desvalorização das bolsas de Nova Iorque, Londres e Tóquio provocou no mundo desenvolvido uma espiral de crise, desemprego e o medo de uma nova recessão. Passado os maiores temores, o que vemos são desajustes dos principais governos com a elevação dos gastos previdenciários em meio a um cenário de aumento de produtividade “mecânica” sem necessitar do emprego de sua força de trabalho.
A Europa, centro da cultura Ocidental e do modo capitalista de se criar as coisas, está enfrentando tudo aquilo que se propunha a fazer pelos países subdesenvolvidos: arroxo salarial, corte de gastos sociais, perda de competitividade, crise nos sistemas públicos de saúde, redução dos investimentos em educação.
Os mesmos países que outrora foram explorados e enriqueceram o Velho Mundo, são hoje os principais países Emergentes, que afetam diretamente a Europa, pois atraem a maior parte dos investimentos, pois nos países em desenvolvimento se expande infraestrutura e ampliam-se os mercados consumidores, algo incomum na Europa, onde as economias, já maduras, não conseguem mais ampliar os negócios.
O Fundo Monetário Internacional e o Banco Europeu, que administra o Euro em 17 dos 27 países da União Europeia e regulamenta os investimentos, tentam encontrar uma solução para Grécia, Irlanda e mais recentemente Portugal e Espanha. Entretanto, o mais grave cenário está na Grécia. O pacto de austeridade que governo quer aprovar obviamente não é aceito pela população, contem: corte do orçamento nas aposentadorias e pensões, congelamento nos reajustes salariais de seus servidores, estímulo às exportações (o país é uma das economias menos industrializadas da Zona do Euro), redução dos gastos em saúde e educação.
Não obstante estão Espanha e Portugal, que também passam por crises econômicas e a desconfiança dos investidores internacionais tem elevado o nível de risco destes, ou seja, o risco de não pagarem por novos empréstimos está elevado. Recentemente assisti que em Portugal para ser atendido em hospitais públicos uma consulta demora mais de dois anos e cirurgias mais de três, na Espanha a crise está no desemprego, as estatísticas dizem que 20 em cada 100 adultos está desocupado.
Nós brasileiros sabemos muito bem o que é receber ajuda do FMI e promover “os pactos de austeridade”, não foi a toa que a década de 1980 ficou conhecida como “a década perdida”, mas há diferenças entre as crises na Europa e as que assistimos nos países subdesenvolvidos, principalmente em infraestrutura e no desenvolvimento de tecnologias, somos muito carentes de investimentos externo. Mas atualmente está sendo melhor ser um país Emergente do que um país Desenvolvido.
_______________________
*Bacharel e Licenciado em Geografia pela Universidade Federal da Paraíba. Especializando em Geografia e Gestão Ambiental, Professor de Geografia da rede oficial do município de João Pessoa e professor na rede particular. Colunista do Jornal A União

Nenhum comentário:

Postar um comentário